segunda-feira, 22 de junho de 2009

CRIAÇÃO DE BOI ORGÂNICO E BOI VERDE E PRODUÇÃO DE LEITE ORGÂNICO


Como é a criação de boi orgânico?
O boi orgânico faz parte de um sistema que tem como premissa o economicamente viável, o ecologicamente correto e o socialmente justo. Além do animal ser criado de maneira mais saudável, é preciso que o pecuarista não esteja degradando a natureza e que ele ofereça a seus funcionários boas condições de trabalho e de vida. No sistema de produção do boi orgânico, o pasto não pode conter agrotóxicos ou adubação química. O animal pode receber as vacinas do calendário nacional, mas substâncias como vermífugos, carrapaticidas e hormônios são duramente combatidas. Inicialmente pode-se iniciar o sistema com bezerros desmamados, entre 8 e 10 meses. Futuramente só serão aceitos os bezerros nascidos no sistema orgânico. Por ser criado livre do estresse e em contato com a natureza, o boi orgânico apresenta menores chances de desenvolver doenças. Se acontecer, ele será tratado com medicamento homeopático ou fitoterápico. Se for algo mais grave e o animal precisar de remédio alopático, ele será isolado e permanecerá em um período de carência duas vezes maior do que o determinado para um tratamento convencional. Além de pasto, o boi pode receber sal mineral e até suplementação protéica energética, respeitando-se um percentual de 10% da matéria seca total consumida pelo animal. Os suplementos também não podem ser transgênicos. O primeiro abate nacional de boi orgânico foi realizado em julho/2001, no frigorífico de Nova Andradina- MS, pertencente ao Grupo Independência. A carne já foi comercializada com países do Mercado Comum Europeu, onde o consumo desse produto está consolidado entre a população. Atualmente 7 mil cabeças estão em processo de certificação pelo Instituto Biodinâmico (IBD) que atende às normas da Federação Internacional do Movimento da Agricultura Orgânica (IFOAM).
Quais são os custos e a rentabilidade na produção do boi orgânico?
A diferenciação de custos do sistema orgânico para o convencional é pequena, segundo técnicos pioneiros do Grupo Independência - Nova Andradina-MS. "Percebemos em nossos estudos que a produtividade não caiu e que os custos não aumentaram muito. Agora estaremos abatendo animais de cruzamento industrial com 28 meses, com 460 a 475 quilos". Para que a comercialização do produto se perpetue é preciso uma produção em grande escala. Pesquisas de aceitação do produto no mercado revelam que as pessoas aceitam pagar até 30% mais pela carne, desde que haja a certificação feita por um instituto, comprovando que o produto é realmente proveniente do sistema orgânico. A primeira fazenda certificada no Estado do Mato Grosso foi a Eldorado, em Corumbá, de propriedade do pecuarista Homero José Figliolini. Em uma área de 14,8 mil hectares estão sendo criados 4 mil animais no sistema orgânico. "Já existe até interesse de uma rede mundial de lanches para oferecer hambúrgueres feitos com carne orgânica", (ppimenta@gazetamercantil.com.br/ Paula Pimenta de Campo Grande- Gazeta Mercantil /DF, ano IV - N.º 911 - terça-feira, 24 de julho de 2001)
No que consiste a produção de boi verde?
Segundo os seus idealizadores, produzir o boi verde, consiste na produção natural ou ecológica, aproveitando as condições da propriedade. Ele alimenta-se exclusivamente de capins, seja pastagens ou outros, dispensando o uso de rações e grãos de fora. A diferença deste com o boi orgânico, é que ele não possui selo de uma entidade certificadora. Não exige pesados investimentos em instalações, mão-de-obra ou gastos que oneram o projeto pecuário. Basta dedicar atenção especial à qualidade da comida oferecida aos animais, suplementá-los na hora certa e utilizar um manejo simples, moderno e objetivo para obter um novilho precoce, com pelo menos 16 arrobas, e carcaça pronta em menos de dois anos,e, o melhor, a um custo favorável. Uma das entidades idealizadoras, que apostam na criação do boi verde, é o Núcleo de Criadores de Novilho Precoce do Triângulo Mineiro. Nessa região 130 pecuaristas com um rebanho de mais de 300 mil cabeças, investem na técnica, com excelentes resultados. Estão gastando cerca de R$ 30,00 por arroba para produzir o boi verde e a receita média é de R$ 38,00/arroba. O ganho por novilho de 16 arrobas supera, com folga, R$ 120,00. Considerando-se a diferença da idade de abate, no acerto final, obtém-se margem de lucro 100% superior ao processo tradicional. Para essa entidade de pecuaristas, criar boi verde não é apenas mandar o animal para o pasto. Alguns cuidados são necessários para garantir a fertilidade do solo e do capim, além de complementar a alimentação dos animais com sal mineral de qualidade e fornecer sal proteinado no período da seca. Com esses cuidados, os animais têm condições de enfrentar melhor o período de estiagem e até manter a capacidade de engorda. Uma das vantagens da criação do boi verde, valorizada pelos pecuaristas, é a redução do tempo de abate. Em condições propícias, obtém-se um animal resultante de cruzamento industrial, pronto para o abate entre 18 meses e 24 meses. Pelo método tradicional, esse tempo chega a 3,5 anos. Outro benefício é a qualidade de carne. Como o novilho é abatido novo, sua carne é mais macia e de sabor mais apurado. Vale a pena ressaltar o potencial de exportação, pois o mercado mundial valoriza muito esse tipo de carne e o Brasil possui as melhores condições de produzi-la. Outro fator a considerar é a preferência do consumidor. Pesquisas indicam que ele está propenso a pagar mais por produtos ecologicamente corretos e mais saudáveis. Isso sem falar na relação custo/benefício: menores custos de produção, abate mais cedo e mercado comprador mais promissor. O pecuarista tem muito a ganhar investindo no boi verde. O mercado internacional está se abrindo à carne brasileira. Mas precisamos produzir mais e melhor para ocupar esse espaço. O boi verde poderá ser a nossa resposta à participação no mercado de carne de qualidade.
No que consiste a produção de leite orgânico?
A produção orgânica de leite segue, basicamente, dois princípios: a alimentação das vacas deve ser produzida, majoritariamente, sem agrotóxicos (é permitido incluir apenas de 15% a 30% de produtos não orgânicos na composição de rações) e a medicação dos animais tem que ser natural. Quanto à alimentação, deve-se aproveitar tudo que é produzido na propriedade, de forma ecológica ou orgânica. Como exemplo, na Fazenda São José (Município de Santo Antonio da Posse-SP), de propriedade do Eng. Agr. Roberto Machado, além de leite, produz grande variedade de hortaliças, verduras e alguns grãos, por isso, alimentar o gado de forma adequada não é problema. São cerca de 80 hectares de pastagem, além de capineiras de camerun e plantio de cana. Como toda a fazenda usa métodos orgânicos, as 30 vacas mestiças também recebem grande volume de restos das culturas, o que favorece a diversificação alimentar proposta por esse tipo de manejo. Muitos criadores avançam no caminho da produção orgânica com uso da homeopatia e ervas no tratamento de doenças e cultivo de forragem para o gado sem aplicação de insumos químicos. O tratamento de doenças com chás e extratos de plantas tem mostrado grande eficiência e efeitos até mais rápidos que os de medicamentos alopáticos, garantem os produtores e veterinários. "Alho misturado ao sal ou à ração como repelente de parasitas, chá de camomila, malva ou folhas de goiabeira contra diarréia, chá de erva rubim contra inflamações, folhas de bananeira contra vermes, tudo isso tem eficiência altíssima e substitui os produtos alopáticos". A conversão do sistema de manejo tradicional para o orgânico, segundo os métodos usados pelos veterinários homeopáticos para gado mestiço, leva de um a dois anos e deve começar pela substituição imediata e quase total da alopatia pela homeopatia. Para ser economicamente viável, o alimento orgânico tem que ser produzido na propriedade, e isso demanda um certo tempo. A veterinária paulista Maria do Carmo Arenales, uma das maiores autoridades em homeopatia animal do país, aconselha que, além de ser criado a pasto, na pecuária leiteira orgânica o gado seja mestiço. "Todo o manejo orgânico leva a um aumento da resistência dos animais. Mas é importante que, geneticamente, eles sejam mais resistentes a doenças, o que não acontece com a maior parte das raças européias puras", explica a veterinária.

Há vantagens na produção do leite orgânico?
Produzir leite no Brasil, principalmente em pequena e média escalas, nunca foi atividade muito rentável. A dificuldade dos criadores é constante,e nos últimos anos agravou-se pelo aumento dos custos de produção e pela redução do número das empresas que compram o leite, mas os irmãos Roberto e Eduardo Machado, proprietários da Fazenda São José, em Santo Antônio de Posse, município a 200 quilômetros de São Paulo, vivem uma situação bem diferente com o leite orgânico. Enquanto o preço pago pelas usinas gira em torno de 25 centavos o litro, eles recebem, com a venda direta ao consumidor, por volta de 80 centavos. Com produção de 120 litros de leite por dia, eles têm um rendimento médio de 3 mil reais por mês. A razão do preço maior está no diferencial da produção dos irmãos Machado: o leite é orgânico, e, como todos os produtos ecológicos, tem uma clientela disposta a pagar mais caro por alimentos mais saudáveis. Para os pecuaristas orgânicos "Juntando o que se ganha com a não utilização de agrotóxicos na produção de alimentos e com o uso de medicamentos homeopáticos, muito mais baratos que os alopáticos, a economia pode chegar a 70%. É verdade que a necessidade de mão-de-obra aumenta, mas a redução dos custos de produção e a valorização do produto certamente são Compensadoras".


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